Blog

Ou Leila ou nada?

Semana de Data Fifa. Em teoria, tranquilidade para os clubes. A maior preocupação é se algum atleta vai voltar machucado de sua respectiva seleção. Contudo, no Palmeiras não foi bem assim.

A presidente do clube Leila Pereira deu, na última quarta-feira (11), uma polêmica coletiva na Academia do Futebol. Foram diversas temáticas tratadas. Das organizadas ao avião. Mas a fala que mais chamou atenção foi: “O Palmeiras volta para a segunda divisão’’. A mandatária se referia ao provável futuro palestrino, caso ela, e naturalmente, suas empresas, deixasse o time. A torcida enxergou como um tremendo desrespeito à instituição. E, de fato, foi. Ninguém é maior que o Palmeiras. Jogadores vão e vem. O mesmo cabe a dirigentes e treinadores. Nem os mais aclamados ídolos. Esses, certamente, ocupam tal posição, justamente por devido reconhecimento. Mas, o que há de base e o que há de leviano nessa afirmação? Adentraremos, em busca de respostas, na mente da presidente com o rei na barriga e a cabeça nas nuvens. Ou, ao menos, tentaremos.
Em primeira análise, antes de 2015. Bem antes de entender a parceira do Palmeiras com a Crefisa, é preciso voltar no tempo. Para que se compreenda a convicção da dirigente é necessário que se retorne a sua possível fundamentação histórica. A Era Parmalat.

O Palestra, após fantásticos anos 60 e a primeira metade dos anos 70, passou por uma dura seca. Assim, o time chegava em 1992, com apenas dois títulos brasileiros em seu currículo(os torneios de 1960,67 e 69 não eram reconhecidos na época como Campeonato Brasileiro). Além disso, vigorava um jejum de 16 anos sem conquistas. Até que a empresa italiana mudou a vida no Parque Antártica, de forma definitiva. Em 1993, a goleada contra o Corinthians. Palmeiras campeão paulista. A partir daí, 2 Brasileiros, Libertadores, Copa do Brasil, Rio-São Paulo, Mercosul e Copa dos Campeões. Muitos foram os craques que vestiram a camisa do Alviverde imponente nesse período. Luis Carlos Brunoro chegou a viajar para a Argentina, a fim de trazer Maradona. O negócio não se concretizou. Mas nada que fizesse falta para aquela geração. Todavia, teve fim. Quando Gianni Grisendi, o idealizador da parceria, deixou a presidência da Parmalat no Brasil e na América do Sul já se esperava a dissolução do consórcio, que se confirmou ao fim de 2000. E os anos seguintes são o que talvez legitimem, na cabeça de Leila, sua fala. 2001 começou com Mustafá Contursi estabelecendo a política do “bom e barato”. O primeiro semestre começou muito mal, mas viu na Libertadores a esperança. Apesar dos erros de Celso Roth, desde o dedo apontado ao garoto Tupã. Porém, em um confronto repleto de erros de arbitragem, da Bombonera até a disputa de pênaltis, o Verdão caiu na semifinal. O segundo semestre foi ruim e o time não foi ao mata-mata do Brasileiro. No ano seguinte, o rebaixamento. Um novo grande troféu só viria em 2012. A Copa do Brasil. Com ela, outro rebaixamento.


Assim, mais uma vez, longos anos complicados se encerraram a partir de uma nova empresa. Com Paulo Nobre no comando, o Palmeiras anunciou a parceria com a Crefisa. Em 2015 já veio a primeira Copa do Brasil. Em janeiro de 2016, com a ampliação em valores do patrocínio da Crefisa e da FAM, o Palmeiras passou a ter o maior patrocínio do futebol brasileiro e de toda sua história. Com o novo acordo, o clube passou a receber R$58 milhões pelo patrocínio, além de investimentos diretos para contratação de atletas. Dessa forma, foram 2 Copas do Brasil, 3 Brasileiros, 2 Libertadores, entre outras taças. Os antecedentes e os fatos, sendo assim, são muito semelhantes. Provável, que com isso, haja um pensamento de Leila, que se a Crefisa sair o time vai passar pelo que passou na saída da Parmalat. Sob sua perspectiva, a vitoriosa era passa exclusivamente pelas mãos da Crefisa. Não se pode pregar a injustiça. A injeção financeira foi responsável direta. Nenhum time do Brasil cresceu

tanto em seu faturamento de 2015 para 2016. E a parceria histórica fez muito bem a história palmeirense, que voltou a ser próspera.
Sob esse viés, a Leila tem uma base para o que diz. No entanto, não se trata da verdade absoluta. Primordialmente, o Palmeiras investiu em si próprio. Com a parceira noventista havia apenas o direcionamento direto do dinheiro para a compra de jogadores e pagamento de altos salários. Hoje, a história é diferente. A começar pela casa própria. Apesar da mandatária dizer que o Allianz Parque só é um bom negócio para a W Torre, o Palmeiras já faturou mais de meio bilhão, desde a inauguração, com bilheteria. É bom frisar, ainda, os anos pandêmicos nesse ciclo. Ademais, em 2022, o time arrecadou R$49,7 milhões com programa de sócio-torcedor. O detalhe é que, com a criação do Palmeiras Pay, o número de afiliados dobrou neste ano. Por fim, a maior base da história. Tanto em resultados, mas também nas vendas. De 2015 até o fim do ano passado foram investidos quase 200 milhões nas categorias formadoras. Com as transferências recentes, o time superou 1 bilhão de reais de entrada no mesmo período. E é claro, não há um Endrick todo ano. Mas o garoto é menos da metade do que a Academia rendeu nas últimas temporadas. Portanto, de maneira bem objetiva, o patrocínio da Crefisa/FAM representa menos de 10% do faturamento atual do time. 81 milhões de 867 milhões de 2022.


Outrossim, é preciso que se fale da exclusividade. A Leila desafiou um repórter na coletiva a respeito de um futuro patrocínio de 123 milhões do Corinthians. O fato é que ela falou como empresária e não sob a visão de quem se importa com o Palmeiras. Não interessa quantos patrocinadores o time tem. Importa quanto entra. Hoje o time, de forma factual, já não possui a camisa mais valiosa do Brasil. Flamengo e o próprio timão estão na frente. Cada um com 8 parceiros, respectivamente, arrecadaram 117 e 116 milhões esse ano. Está nos autos. Se ela quiser ver, está à disposição. A mandatária já deu ao clube o maior patrocínio. Mas, não há reajuste desde 2020. A verdade, qual seria o sentido da empresária fazer tal recolocação? Nenhum.
Em suma, o grande problema do Palmeiras foi transformar sua dependência financeira, que já não existe mais, em dependência política. Com eleição de chapa única, abraçada com a turma da pizza e o carnaval da Mancha, financiado, uma rainha foi posta. E ela se estabeleceu inatingível e acima de seu próprio trono. Como monarca, colocou-se em poder absoluto e apresentou-se como única opção. “Se eu sair o dinheiro vai junto”. Conquistou com regalias sua corte, para que os formadores de opinião se silenciassem, empanturrados com suas massas. E deu ao povo brioches. O pão e circo, para que a massa sambasse, enquanto ela subia degraus. Depois do trabalho ruim e de ver a rebelião, ela mexe com o coração do povo. Até o mais confiante palmeirense. Aquele palestrino que bate no peito para dizer que o time não depende da Crefisa tem um pouco de temor. Nem que seja lá no fundo. E a Leila sabe bem como trabalhar esse medo. Mas a luz vai despertar. E no ardor dessa partida, o Palmeiras vai se mostrar campeão. Senhor de sua própria história. Por sorte. E só por isso, há esperança. As próximas eleições. E as próximas escolhas. Atualmente, a dívida com a empresa é de 43 milhões. Há clubes com patrocínios maiores. Não há motivos para se submeter a dependência financeira. E consequentemente, a política. Afinal, não estamos falando de nenhuma populista. Longe disso. Ou Palmeiras, ou nada. A luta o aguarda

5 thoughts on “Ou Leila ou nada?

  1. Diego Rodrigo says:

    Muito boa materia presunto.

  2. Carlos says:

    Presuntinho querendo ser Arnaldo Jabor? Sério?
    tirar frases de contexto pra fazer um sensacionalismo barato, isso é jornalismo garoto?
    Outro ponto é ver sua imparcialidade carimbada em, que lamentável pra um garoto tão talentoso.
    Mas em resumo ela não falou que se sair o Palmeiras vai ou algo do tipo, ela falou que, caso não haja uma GESTÃO no mesmo modelo da que ela prática o Palmeiras volta a ser o que era antes, é assim é com o seu Flamengo e com qualquer outro clube grande, mesmo cm os milhões de faturamento.
    Seja menos clubista garoto!!

  3. Rubens São Lourenço says:

    Excelente como sempre. Continue nos brindando com seus textos.

  4. Maria Alice says:

    👏🏼👏🏼👏🏼

  5. Antônio Paulo says:

    Ótimo texto presunto, só não ficar atacando o verdão nós Cancelados. A torcida gosta de você, então não precisa atacar o time kkkkkkk

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *