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Manipulação de resultados: fato ou nuvem de fumaça?

Uma semana recheada de notícias sobre acusações de manipulação de resultados no futebol brasileiro tomaram conta dos portais da mídia esportiva. O CEO do Botafogo RJ, o milionário norte-americano John Textor, através de uma publicação em suas redes sociais, trouxe mais uma vez apontamentos sobre manipulação de resultados em jogos do Brasileirão 23 que, segundo ele, favoreceram o Palmeiras em jogos contra o Fortaleza e o São Paulo, no segundo turno da competição.

Sem ainda apresentar sequer uma prova materializada do que acusa, Textor diz-se basear num estudo feito pela empresa Good Game, através da IA (Inteligência Artificial) sobre evidências de “comportamentos anormais” de atletas em lances decisivos nos jogos Palmeiras 5 x 0 São Paulo e Palmeiras 4 x 0 Fortaleza.

Particularmente eu, e acredito que o mundo do futebol, gostaríamos de ver mais provas que simples impressões ou evidências, para que fossem apresentadas nas instâncias devidas da justiça brasileira, seja ela desportiva ou, principalmente, criminal. Cabe a quem acusa apresentar provas concretas – e não subjetivas – do ilícito.

Mas vamos buscar entender todo o contexto que pode ter levado o CEO da SAF alvinegra, recentemente vir a público com as acusações. No Campeonato Brasileiro de 2023, o Botafogo foi o líder isolado da competição com a melhor campanha de um primeiro turno da história da competição, e chegou a ter 13 pontos de vantagem sobre o vice-líder. A partir da 229 rodada, num confronto com o Flamengo (1×2), seu desempenho despencou e sofreu derrotas marcantes, como as viradas de Palmeiras por 3×4 (vencia o jogo por 3×0), Grêmio (3×4, quando vencia por 3×1), além de muitos empates contra equipes mal colocadas na classificação. Esses exemplos, apenas para ilustrar a pífia campanha do segundo turno, que o fez perder a primeira colocação e o iminente título. Certamente essa perda causou grandes traumas, pressões e prejuízos ao clube carioca e, a partir disso, inicia-se a busca dos motivos dessa histórica e negativa campanha, com Textor iniciando o ano já com as acusações sobre possíveis interferências de arbitragem e de manipulação de resultados por equipes nos campeonatos dos dois últimos anos.

A questão deve ser enxergada com muita profundidade, até mesmo pela gravidade de tais acusações. Elas envolvem clubes, árbitros, atletas e confederação, além de lesar torcedores e outros atores direta ou indiretamente envolvidos no universo do futebol. Comprovadas, gerarão um caos quanto à credibilidade de um sistema.

Mas até o momento, sem as provas, tudo não passa de questões subjetivas ou especulações. Por exemplo, a análise de IA sobre “comportamento anormal” de atletas em determinados jogos. Pode-se aplicar isso também às derrotas e viradas “inexplicáveis” do próprio Botafogo? O quanto se pode avaliar esse comportamento e até onde é possível determinar o que é um erro ou um erro provocado, ou intencional, de um atleta em determinados lances de jogo?

Na minha opinião, são fundamentos muito questionáveis para se afirmar algo de tamanha gravidade, pois para quaisquer conclusões, são necessárias provas reais e concretas. Se o próprio acusador diz ter gravações de conversas de personagens de uma manipulação, que as apresente, ou então qualquer outra que demonstre claramente que o crime ocorreu.

Sim, digo “crime”, pois será essa a qualificação do ocorrido, e estes episódios criminosos têm que ser combatidos e banidos do mundo do esporte.

Enquanto nada é apresentado, desculpe-me, nada é comprovado e, caso não ocorra, não passará de mais um caso de “cortina de fumaça” para tirar o foco dos verdadeiros motivos de uma histórica derrota dentro de campo.

Aguardemos os próximos capítulos e das novas ações e reações dos clubes citados, que já prometem levar Textor à justiça.

Marcos Bonequini | @marcosbonequini_

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