Últimas rodadas do Brasileirão 23 e as emoções se inflam. O que parecia decidido há algumas rodadas se transformou num dos maiores finais de campeonato na era dos pontos corridos. O pseudo campeão Botafogo, que abriu larga vantagem sobre seus rivais ao longo do segundo turno, viu seu castelo ruir e agora tenta, a duras penas, não ser um dos maiores vexames da história dessa competição. Sua vantagem, que chegou a ser de 13 pontos sobre o segundo colocado, simplesmente foi desfeita no momento crucial da disputa e, a 5 rodadas do final, já viu o Palmeiras ultrapassá-lo por 2 pontos, apesar de ainda ter um jogo a menos que o rival.
Psicologicamente e emocionalmente, o time da estrela solitária já não encontra forças para a reação. Sofreu viradas históricas no placar para Palmeiras e Grêmio, dois concorrentes diretos ao título, em jogos que estavam controlados e “vencidos”. Mostrou com isso, uma incapacidade de controle emocional assustadora, demonstrando que a equipe pode estar “virando o fio”, ou seja, perdendo a força de competir.
Ao contrário, Palmeiras e Grêmio e, até mesmo o surpreendente Red Bull Bragantino, parecem ganhar sua força justamente no momento decisivo do campeonato. Os palestrinos parecem mais prontos para esse “sprint” final. O que faltou ao Botafogo, agora sobra no time de Abel Ferreira: a força mental. Já falei dela outras vezes aqui. É nela que se constrói vitórias e títulos. Olhar atento a quem a tem. Qualquer movimento ainda é possível nesse tabuleiro do jogo pelo título.
Já na outra ponta da classificação, as emoções prometem ser tão fortes quanto a parte superior. Quem terá mais força mental para lidar com a pressão do risco do rebaixamento? Com apenas um rebaixado definido, o irregular América MG, três vagas indesejadas aguardam os próximos que jogarão a Série B do próximo ano. Arduamente brigam contra esse martírio alguns dos grandes clubes do país – e que já foram campeões da competição: Cruzeiro, Vasco, Santos, Coritiba e Bahia, além do Goiás. Pressão enorme sobre Cruzeiro e Bahia. Um dos dois, pelo irregular desempenho até agora, deve figurar na lista do descenso.
Quais são as armas para ter um bom desempenho para estar no topo da tabela ou fora da zona de rebaixamento? Um conjunto de valências, como bom planejamento, governança e, sem dúvida, um grupo de atletas e comissão técnica em sintonia, com capacidades técnicas e equilíbrio mental.
O Brasileirão é uma competição longa. Manter o foco e a regularidade é algo desafiante. É a diferença entre ter sucesso ou chorar pelo fracasso. É a tênue linha da alegria ou da frustração.
E a reta final mostrará quem se preparou mais para o triunfo para ficar no paraíso ou terminar no purgatório. É a hora em que se separa os homens dos meninos.
Marcos Bonequini | @marcosbonequini