“Você vai fazer o gol do título!” No grito, Diniz ganhou e cantou o jogo para John Kennedy. O atacante, que saiu do banco e fez gol em todas as fases do mata-mata, marcou o golaço do justíssimo maior título em 121 anos de Fluminense, aos 8 minutos e 42 segundos.
“A vitória tem centenas de pais, mas a derrota é órfã”, decretou John Fitzgerald Kennedy, que inspirou os pais de John Kennedy de Itaúna. O menino tinha seis anos quando Thiago Neves marcou no mesmo Maracanã os três gols da vitória contra a LDU, que levariam aos pênaltis.
Quando Thiago Neves bateu muito mal o dele no Maracanã. O craque Conca também perdeu. E o goleador Washington desperdiçou o último, defendido por um goleiro fraco e catimbeiro como Cevallos, mas campeão da América em 2008. Vencedor como o Boca, é o maior no continente desde 2000.
Mas não foi melhor desta vez. Empatou os 90 minutos decisivos desta Libertadores sete vezes. Ganhou apenas dois dos últimos 14 jogos. Não merecia melhor sorte no Rio. Até empatou bonito o jogo com Advindula, aos 26 minutos finais. Depois de Cano ter dado um drible no lateral peruano no gol carioca, aos 35 minutos iniciais, em raro lance de ataque bem pensado dos pontas aglutinados – Arias e Keno, juntos pelo lado do campo, como gosta Diniz.
Jogo igual e amarrado como toda final. Mas vitória merecida para quem apostou nas ideias de jogo e em seus ideais. Foi jogando bola e não o antijogo do Boca que deu Tricolor.
“As coisas não acontecem. Elas são feitas para que aconteçam”, decretou JFK há mais de 60 anos.
Diniz disse a JK que o gol do título seria dele. Como foi. Como trabalhou para que fosse. Como mereceu o Fluminense ser o campeão da América.
Com Fábio chegando a 100 jogos no torneio, como nenhum outro. Como Marcelo foi hexa continental indo além do sonho do avô – que o queria um dia o netinho jogando no Maracanã; não necessariamente campeão da América. Como Cano foi o craque e artilheiro do torneio. Como Ganso foi bi. Como Felipe Melo foi tri. Chorando no Hino. Chorando ao final. Erguendo a taça com um imenso Nino.
Campeões de Xerém. Multicampeões já veteranos. Tricolores de todas as idades que viram e viveram um título que Nelson Rodrigues, agora, está quase fazendo com que Deus o devolva à Terra. Nem o Barba aguenta o bardo tricolor nas nuvens celestiais.
Nelson merecia estar entre os vivos só para abraçar John Kennedy, como a torcida tricolor assim fez no Maracanã e no mundo no golaço da vitória. Quando Diogo Barbosa, que perdeu a bola do título em 90 minutos, achou Keno. Este devolveu de cabeça, e o míssil de John Kennedy levou o Fluminense ao espaço sideral.
A Terra é azul. Mas a América é Tricolor.
Mauro Beting