Nas últimas semanas estamos vendo diversas notícias de estrelas do futebol mundial deixando ou querendo deixar a Saudi Pro League, a liga de futebol endinheirada do momento.
Jordan Henderson, meio-campista ícone do Liverpool e frequentador assíduo da seleção inglesa, é o primeiro a deixar a Arábia Saudita e seguir rumo à Amsterdam para jogar no Ajax.
O motivo? Não se adaptou à vida no país. E a vida inclui o que acontece dentro das quatro linhas. Afinal, sair da maior (e melhor) liga do mundo para jogar em um campeonato periférico e sua falta de técnica e competividade, faz muita diferença.
“No fim, tudo é adaptação”, disse Laporte, ex-City. Sim e dos dois lados. Os jogadores têm que estar dispostos a mudar sua vida (e até a forma de jogar) para se moldar a um país de cultura e costumes tão diferentes.
Laporte ainda falou grosso e disse que os dirigentes sauditas não aceitam certas condições logo após terem assinado os acordos com os jogadores. Que me desculpe a dupla aí, mas a pergunta que não quer calar é: Ninguém sabia?
Claro que sabia. Em um mundo repleto de informação a todo momento, é basicamente impossível que todos nós não saibamos como a banda toca pelos lados da Arábia Saudita.
Mas deixa o tio explicar o óbvio.
Onde rezam os petrodólares (termo antigo, desculpem), manda quem pode e obedece quem tem juízo. É tipo: “Eu te pago um caminhão de dinheiro para você fazer o que eu quiser e como bem entender”.
Vimos isso no Catar, na China, na Rússia… Todo país com futebol abaixo das grandes ligas e uma cultura bem diferente, faz algo parecido para se alavancar futebolisticamente.
Depois de gastarem mais de 5 bilhões de reais em contratações só no ano passado, ao que parece a bolha saudita caminha para a implosão. Nesta janela apenas o brasileiro Renan Lodi, com um pouco mais de expressão, foi contratado.
E ao que tudo indica, o caminho desértico dos sauditas vai continuar. Benzema, insatisfeito com as cobranças, está descontente e já avisou seu clube que não quer mais ficar. Assim como o nosso Firmino, ainda que seu estafe negue, relegado no Al-Ahli.
E falando novamente em bolha, se os árabes têm a sua, os jogadores também. E ambos precisam estourá-las para entender um ao outro. De fato, que, no fim das contas a Arábia Saudita já conseguiu o que queria: uma Copa.
Nem todos são como Cristiano Ronaldo, o único a estar e falar de igual para igual com os sheiks, que já afirmou que está feliz e contente e cumprirá seu contrato.
Pra finalizar e deixando bem claro: não tem o menor problema ir jogar na Arábia Saudita pensando só no dinheiro (às vezes muitos de nós fazemos isso em nossas carreiras profissionais), mas é preciso saber e entender, que nem tudo, apesar do dinheiro, serão flores.
Não vou nem me ater às violações de direitos humanos no país, que já seria motivo o bastante para que todas essas estrelas negassem as benesses financeiras. Mas tem isso também e é, ou ao menos deveria ser para eles, muito importante.
Mas então, aos jogadores que ainda estão lá e os que podem migrar em breve (Casemiro, será?), apenas parem de bancar os inocentes e fingir que não sabiam de nada.
Marcelo Coleto | @futlifeoficial