Brasil, Guilherme Presunto

Se Deus quiser, o que eu quiser.

“Se Deus quiser, o Flamengo vai ganhar essa Copa do Brasil”. Li essa frase, escrita por um torcedor em sua rede social, e parei para refletir. Certamente, quando você olha as escolhas que a direção do Flamengo fez para a temporada. Quando avalia alguns comportamentos, não é possível pensar em outra coisa, senão que, se Deus for interferir, com sua fama de justo, será contra o time da Gávea. E naturalmente, se Deus quiser algo, diante dos sinais, é que seu amigo lá no céu, São Paulo, vibre com seu time. Até porque, se fosse o caso, já teria se manifestado. Mundial, Recopa, Supercopa, Taça Guanabara, Carioca, Libertadores. Tudo isso o rubro-negro já perdeu.

Ainda, acredita-se que Deus olha para cada um de seus filhos de forma particular. Assim, ao individualizar a análise, ela se torna ainda mais amigável ao time paulista. Já que falar de uma final entre São Paulo e Flamengo é abordar o reencontro de Dorival Jr e seus traidores. O atual treinador são-paulino assumiu o agora rival, em frangalhos na temporada passada. Levou o time a ser campeão da Copa do Brasil e da Libertadores. A última, de forma invicta. Algo que só o Santos e o Corinthians conseguiram anteriormente. Ao fim da temporada, através da imprensa, o técnico soube que seria trocado. O substituto: Vitor Pereira, contra quem ele havia vencido no caminho de ambas as conquistas. Tal escolha mudou a história do Flamengo na temporada. Nunca o time havia perdido tantos títulos em um só ano. Dois gringos passaram, um português e agora um argentino, e esse coração vira-lata não preencheu a ausência do brasileiro. Do bom e velho Dorival. E como ele mesmo disse em uma coletiva recente, um feijão com arroz bem feito é muito bom. Não que fosse o caso, o trabalho dele era repleto de complexidade. Vários treinadores passaram e só ele manteve o time equilibrado com Pedro e Gabriel juntos.

Mas as andanças tricolores também foram afetadas por essa decisão diretiva dos cariocas. O soberano era cotado para ter uma participação de coadjuvante no ano de 2023. Torcedores mais pessimistas pensavam até em risco de rebaixamento. Algo totalmente fora da curva desde que ele assumiu. Apesar da sequência atual ruim, até certo ponto o time está seguro. E na medida em que as copas derem folga, o gás necessário será dado. A queda nas quartas da Sul-americana foi justa. O time jogou menos e viu sua estrela colombiana perder um pênalti. E na Copa do Brasil vem colecionando momentos de alta emoção. Desde as vitórias magras contra o Ituano. A derrota em casa para o Sport. A classificação na disputa de penalidades. Depois, dois clássicos. Domínio total contra o Palmeiras. A melhor série do time. E uma remontada contra o Timão. O São Paulo chega calejado e com bagagem suficiente para, se Deus quiser, ser campeão pela primeira vez.

Do outro lado está um tetracampeão. O Flamengo das decepções. Com o perdão do trocadilho, um time que não deu nem para o cheiro em quase tudo no ano. Menos na Copa do Brasil. Se é irônico pensar que o confronto mais fácil para o São Paulo foi contra o time de Abel Ferreira. É também constatar que a única dificuldade que o atual campeão teve foi contra o modesto Maringá. Desde então, muita facilidade em todas as fases. Dominou 180 minutos contra Fluminense, Athletico e Grêmio. Apenas 1 gol sofrido em 6 jogos, contra duros adversários. Contudo, o que parece é que a vontade de Deus é que esse time fracasse no ano. Muito justo para quem tem as decisões nas mãos. Landim, Braz e Spindel tomariam um “tapa na cara” com o treinador demitido superando o Flamengo na final. E sinceramente, até o flamenguista sabe que seria a devida justiça a eles. Todavia, eles não são o Flamengo. Os mais de 40 milhões que estão em um calvário o ano todo, eles são. E seria justiça com eles? Certamente não. Foram tão traídos quanto o Dorival. Por isso, se Deus quiser, o alívio vem. Um troféu para socorrer um ano, até então, perdido.

Em suma, todo mundo quer que Deus queira aquilo que se quer. A redundância é proposital. É para magnetizar a vontade pessoal como sonho. Só isso. E qual intenção é mais digna que a outra? Não se sabe. Mas a verdade é que Deus não tem nada a ver com a final. Ele realmente tem mais o que fazer. Vai vencer quem jogar melhor. Se for o São Paulo, é a resposta de Dorival. Se for o Flamengo, a resposta para a nação. No fim, se isso valesse algo, já seríamos hexacampeões.

Afinal, Deus é brasileiro, certo?

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3 thoughts on “Se Deus quiser, o que eu quiser.

  1. João Vitor says:

    Muito bom, Presuntinho! 👏🏼👏🏼

  2. Nelson Oliveira says:

    Boa presunto, vamos tricolor

  3. Thiago Caminitti says:

    Muito bom!

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